Nos últimos meses a palavra "impeachment" têm aparecido frequentemente em todos os meios de comunicação e até quem não têm o mínimo interesse por política, agora sabe, mesmo que involuntariamente o que tal palavra significa.
O 1º impeachment ocorrido no Brasil foi do então presidente Fernando Collor em 1992, nem preciso dizer que Collor fez muita cagada nos 2 anos em que foi o Presidente do Brasil, que o levou a renunciar ao cargo, como este não é um blog dedicado a assuntos políticos vou focar somente na parte automobilística da história.
Ainda em seu 1º ano como Presidente da República, Collor declarou que os carros brasileiros eram "carroças", comparando com o que havia fora do país e decretou a ABERTURA DAS IMPORTAÇÕES , em junho de 1990.
Depois de 14 anos de mercado fechado, finalmente pudemos ter veículos importados no Brasil.
Fernando Collor na Ferrari F40!
A concorrência foi dura para os nacionais e muitos não resistiram e logo saíram de linha, afinal quem ia querer andar de "carroça", se agora dava pra andar de BMW?
Mais foi justamente uma dessas carroças que se vingou e derrubou o então Presidente.
A ELBA DE COLLOR
Em 1992 seus opositores descobriram que um cheque vindo de uma conta fantasma de seu tesoureiro PC Farias foi usado para comprar um FIAT ELBA para o Presidente, aí a casa caiu.
Collor, feliz ao volante da Elba que lhe custou a presidência.
Sério, uma Elba?
Realmente, o almoço de um presidente hoje em dia sai mais caro que umas 4 Elbas, mais é assim que os caras escorregam, nas coisas pequenas, até o gangster mais famoso do mundo Al Capone, foi pego por uma simples fraude no imposto de renda, após ter se safado de uma vida inteira de crimes.
DIRIGINDO A CARROÇA DO PRESIDENTE
Ao assumir o Volante da Elba rapidamente notamos a boa posição de dirigir, o banco na época era considerado alto, hoje em dia pode ser considerado normal, já que todos os carros atuais não esportivos tem bancos altos em relação ao volante, principalmente na linha Fiat.
Os comandos são bastante leves e a visibilidade é ampla para todos os lados, já que há muitos vidros e as colunas são finas, a sensação de que "se capotar morre" é grande.
O motor 1.5 de 67 cv até que puxa bem o carro vazio, não sei como fica carregada mais vazio acelera bem e o volante é leve porém ao pasar a 2ª marcha o câmbio da uma raspada na 3ª uma raspada menor, a 4ª e a 5ª não raspam, mais ao reduzir todas raspam.
Este é o ponto fraco dos modelos Fiat desta época, o câmbio, depois de pegar as "manhas" do carro as "raspadas" diminuem mais ao reduzir de 3ª pra 2ª uma manobra repetida várias vezes no uso urbano o "crék" é inevitável.
No mais é um carro legalzinho mais eu não trocaria um cargo de Presidente por ele.
Não adianta descontar nela Collor, ela não tem culpa de nada..
ITAMAR E O FUSCA
Quando Collor caiu quem assumiu foi seu vice Itamar Franco, e ao contrário de seu antecessor que achava que os carros brasileiros eram "carroças" Itamar gostava mesmo era de Fusca.
Presidente Itamar ao lado de um legítimo capô de Fusca
Quando Itamar assumiu o poder o Fusca já não era fabricado havia 7 anos, mais o presidente achava que o Brasil precisava de um carro para o povo e que o modelo mais adequado para isso era o Fusca, então após uma reunião do Presidente com a Autolatina (nome da empresa que na época representava Ford e VW. ) foi decidido que o fusca voltaria a ser fabricado, uma decisão sem precedentes nem subsequentes na história do país.
Alguns funcionários da VW reclamaram, ameaçaram fazer greve, mais não teve jeito, o Fusca voltaria a ser fabricado como o presidente queria.
Itamar ao volante do Fusca
Alguns fuscas que estavam guardados com colecionadores foram comprados para ser usados como protótipos e o fusca recebeu algumas modificações pra voltar à vida, tais como: pneus radiais, sistema de escape com catalisador e parabrisa laminado. Esse fusca recebeu o apelido de Fusca Itamar.
DIRIGINDO O FUSCA ITAMAR
Meu avô teve um Fusca Itamar 94 branco, era um carro que eu gostava muito, todo final de semana eu lavava ele e aproveitava para dar uma voltinha no bairro com o carro, eu adorava dirigir este carro e pretendia "herdá-lo" coisa que infelizmente não aconteceu.
O carro era fantástico estava com pouco mais de 25 mil km e seu motor funcionava como um relógio. Ao entrar no carro dava pra sentir um cheiro forte de gasolina, coisa que é típica de Fusca, mais que nesta unidade estava mais forte do que de costume, um dos poucos defeitos do carro.
O interior é agradável, os bancos e o volante são iguais ao do Gol da época e o painel, ao contrário dos fuscas mais antigos é quadrado.
Os pedais são leves, mais seu acionamento é estranho, já que são presos por baixo e tem que ser empurrados pra frente, mais fica ideal se você estiver dirigindo descalço, coisa que descobri já que normalmente manobrava o carro ao lavar.
O motor 1.6 de 60cv impressiona quem acha que o Fusca é um carro lento, pois puxa muito bem, o carro acelera rapidamente e é fácil deixar um popular atual pra trás na saída de semáforo, as trocas de marcha são rápidas e precisas, e tornam o carro fácil de guiar.
A suspensão é relativamente rígida, mais o carro passa pelos buracos e lombadas com solidez, sem barulhos ou reações estranhas
Ao contrário da Elba o Fusca não tem muita visibilidade e estacionar não é tão fácil, mais nisso ajuda o volante leve.
Um carro maravilhoso, quem o comprou está feliz.
ITAMAR E OS 1.0
Junto com o retorno do Fusca, o presidente Itamar também é responsável pela "criação" dos populares 1.0. Ele reduziu o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros com motor 1.0 para apenas 0,1% , o Fusca tinha motor 1.6, mais o Presidente é quem manda e decidiu que o Fusca e a Kombi eram populares também.
Assim surgiram o UNO MILLE, o Gol 1000, o Chevette junior e os demais 1.0 cujo seus descendentes dominam o mercado até hoje.
Uno Mille, o popular original
Por cerca de 7 mil reais na época era possível comprar um Uno Mille ou um Gol 1000 e esses carros eram bem mais modernos e tinham muito mais a oferecer que o Fusca, por isso ele acabou se aposentando de vez em 1996.
O Uno Mille seguiu em produção em seu formato original até 2014, provando o seu sucesso e o dos "carros populares".
Hoje em dia a novidade no segmento dos 1.0 é o novo VW GOLF TSI, que tem motor 3 cilindros turbo e custa impressionantes 75 mil reais!
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