quarta-feira, 28 de setembro de 2016

A VIAGEM



Este é uma extensão do meu 1º post, sobre o Fiat 147. Nele comentei que fiz uma viagem para praia com o carrinho, mais não aprofundei muito o assunto, hoje vou dar mais detalhes daquela viagem memorável.

Era uma manhã de sábado, eu estava no trabalho, minha produtividade era nula , apenas ficava olhando o relógio vendo as horas passarem, esperando que desse logo o meio dia e eu pudesse ir pra casa.

Minha sala estava vazia, durante a semana era cheia, mais no fim de semana poucos funcionários trabalhavam e eu estava sozinho, não estava a fim de fazer nada então nem liguei o computador, não acendi a luz e não abri as cortinas.

Sozinho no escuro me veio uma idéia...uma súbita vontade de ir para praia tomou conta de mim!,...começei a maquinar uma forma de ir pra lá imediatamente, já era quase meio dia e eu não terminaria o fim de semana em casa de jeito nenhum!

Mais haviam alguns obstáculos a superar, eu era recém casado na época, tinha um filho pequeno e nenhum dinheiro, só eu trabalhava em casa e o que eu tinha pra viajar eram uns 150 reais e um Fiat 147 que eu havia acabado de comprar.
Carros antigos as vezes não são confiáveis, mais o meu extrapolava, quase nenhuma das melhorias que eu comentei no 1º post eu havia feito até o momento e não seria agora que eu iria fazer, se eu gastasse alguma parte dos meus 150 reais não sobraria nada para viajar.

Fui até o estacionamento e passei a examinar o carro, refletindo se o mesmo teria condições de encarar uma viagem rápida.

Comecei examinando o óleo do motor, faltava meio litro então peguei um litro de 20w50 que tinha na loja, completei até encher e guardei o resto para completar na viagem.

Passei então para o sistema de arrefecimento o 147 possui um vaso de expansão, feito de  plástico é lá que a água deve ser completada.
Caso exista algum vazamento no sistema também é recomendado repor a água diretamente no radiador, que tem uma tampa de ferro, mais no meu caso isso não era possível porque tal tampa enferrujou e se "fundiu" com o corpo do radiador, resolvi completar apenas o vaso de expansão e confiar que tudo estava certo no radiador.

Examinando o resto do carro notei que meu escapamento era visível pela lateral do carro, estando bem mais baixo do que deveria, de fato na cidade ele raspava em tudo, estava esperando ele cair pra colocar um novo, porém não daria pra viajar assim.

Voltei a minha sala e peguei uma porção de "enforca-gato" que eu tinha guardado, do mais grosso que tinha.
Enquanto eu reforçava o meu escapamento um outro desocupado que deveria estar trabalhando passou e disse: "-o enforca-gato vai derreter com o calor do escape!"...., - não tem problema, vou usar uns 50 destes, alguns vão derreter, outros ficarão!.., respondi.

Feitos os reparos no carro faltava abastecer, o litro da gasolina custava uns 2 reais na época, coloquei 50 reais e o ponteiro marcou tanque cheio, evidenciando que já devia ter alguma gasolina lá que o ponteiro não marcava.

Liguei pra casa e falei para minha mulher arrumar as coisas que a gente iria pra praia, ela pareceu não acreditar muito, mais resolvi não me estender na conversa. Precisava pensar onde nós dormiríamos quando chegássemos lá, já que não tínhamos muito dinheiro (agora só tinha 100..) e era dezembro, portanto poderia não ter vaga em lugar nenhum.

Lembrei que meu irmão tinha uma barraca de camping, então pensei que seria ótimo acampar na praia e ainda sairia de graça!...passei na casa dele no caminho e peguei a barraca, não comentei nada com meus pais, porque eles certamente seriam contra.

Cheguei em casa, falei pra mulher colocar as coisas no carro que eu queria curtir o mar ainda hoje, ela parecia não acreditar muito, mais na época ela era bem novinha, mais louca que eu e onde eu quisesse ir ela ía sem fazer muitas perguntas.

Comi um lanche em casa antes de sair, além disso peguei todas as bolachas, doces e salgadinhos que tinha em casa para não precisar comprar nada no caminho, olhei pro filho e ele estava de pijama, não daria tempo de vestir ele nem de dar banho, vai assim mesmo!.. às 13:30 estávamos prontos pra sair de casa!
Eu, o filho e o 147 prontos pra viagem, ainda estou com a camisa do trabalho e fui assim mesmo.

Entramos na estrada!.. uma emoção única, a 1ª vez que eu pegava estrada com um carro meu, a sensação de liberdade era incrível, afinal os carros foram criados pra isso e não para ficarem empacados no trânsito, a mulher ainda não acreditava muito e pensava que fosse mais uma das minhas brincadeiras e que eu pegaria um retorno em algum lugar, mais estava relaxada, ouvindo um CD do Armandinho, que é uma bosta mais tem tudo a ver com praia, eu havia escolhido as músicas estrategicamente para criar um clima, assim ela nem ia reclamar da barraca.

Enquanto ainda estamos nos limites da cidade a estrada é relativamente lisa, porém assim que saímos de Votorantim e entramos em Piedade o carro cai num degrau e a textura da pista muda, como se o carro andasse sobre a brita, preciso manter a velocidade por que os caminhões andam muito rápido nesse trecho, e o pequeno Fiat nem faria cócegas nos pneus deles.

Estávamos na estrada a 40 minutos, próximos a Tapiraí e podíamos avistar o início da serra, agora a mulher acreditava que estávamos indo pra praia, a visão da estrada adentrando a serra é empolgante!

Começava um pequeno chuvisco que nos acompanharia durante todo caminho, os pneus carecas estavam dando conta do recado então aumentei a velocidade, sem paradas vamos chegar o mais rápido possível!

Estava curtindo a estrada, fazia as curvas sem tirar o pé para manter o embalo e manter o câmbio apenas em 3ª e 4ª, já que o câmbio do 147 enrosca e perde  tempo para engatar a 2ª.

A estrada estava inexplicavemente vazia, cruzamos quilômetros sem ver ninguém, a mulher estava empolgada pois começávamos a ver bananeiras e isso na mente dela significava que estávamos no caminho certo, quando às 15:40 avistei um rival de época do 147 à frente, um CORCEL GT
Vou pegar esse Corcel!, só havíamos nós 2 na estrada e comecei a caçar o corcelzinho, dois esportivos do final dos anos 70 na serra, cilindradas próximas,  1.3 litro. O motorista do Corcel percebeu minha intenções e começou a acelerar, o Corcel tem mais potência, mais o 147 tem mais estabilidade, o que importava mais naquele trecho de serra, dava tudo do Fiat e ultrapassei o GT, estava na velocidade máxima do 147, que naquela situação devia ser uns 80km/h.

O breve racha fez com que a serra passasse bem rápido, às 16:00 chegávamos em Juquiá, apenas 2 horas depois do início da viagem.

Parei num posto para ir ao banheiro e esfriar o motor, perguntei qual o caminho pra sair de lá e o frentista falou " Pegue a ponte depois da estátua do Pelé!", parece que o Pelé passou por lá e fizeram uma estátua para ele.

Me perdi um pouco por ficar procurando a estátua do pelé e não ver a ponte enorme a minha frente, mais achamos a ponte e pegamos um trechinho de rodovia, e um pedágio no valor de uns 4 reais.

Ás 17:00 horas chegamos em Iguape, finalmente podíamos ver o mar!, que sensação boa!
Barco em Iguape-Sp, voltei lá esse ano e este barco está destruído e vandalizado.

Pagamos mais um pedágio de uns 2 reais e atravessamos a ponte que dá acesso a Ilha Comprida, mesmo com a garoa abrimos todas as janelas para sentir o cheiro do mar, estava o dia mais cinza frio e chuvoso de todo mês de dezembro, mais estávamos inexplicávelmente felizes, no fundo até nós duvidávamos do Fiatzinho.

Achamos uma pousada bem barata, coisa de uns 50 reais pra 2 dias, e não precisamos usar a barraca, era bem simplezinha, mais não ficaríamos lá, só precisávamos de um lugar pra dormir, queríamos era o mar!

Será que tava frio?

Não tivemos surpresas na volta, apenas em um momento que eu errei o caminho e decidi voltar de ré em plena rodovia, afinal eu precisava poupar combustível, já que eu havia gasto todo o meu dinheiro na viagem.

Foram os 150 reais mais bem investidos em toda minha vida. 
  

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

OS CARROS NA POLÍTICA.

Nos últimos meses a palavra "impeachment" têm aparecido frequentemente em todos os meios de comunicação e até quem não têm o mínimo interesse por política, agora sabe, mesmo que involuntariamente o que tal palavra significa.

O 1º impeachment ocorrido no Brasil foi do então presidente Fernando Collor em 1992, nem preciso dizer que Collor fez muita cagada nos 2 anos em que foi o Presidente do Brasil, que o levou a renunciar ao cargo, como este não é um blog dedicado a assuntos políticos vou focar somente na parte automobilística da história.
 Ainda em seu 1º ano como Presidente da República, Collor declarou que os carros brasileiros eram "carroças", comparando com o que havia fora do país e decretou a ABERTURA DAS IMPORTAÇÕES , em junho de 1990.
Depois de 14 anos de mercado fechado, finalmente pudemos ter veículos importados no Brasil.
Fernando Collor na Ferrari F40!

A concorrência foi dura para os nacionais e muitos não resistiram e logo saíram de linha, afinal quem ia querer andar de "carroça", se agora dava pra andar de BMW?

Mais foi justamente uma dessas carroças que se vingou e derrubou o então Presidente.

A ELBA DE COLLOR

Em 1992 seus opositores descobriram que um cheque vindo de uma conta fantasma de seu tesoureiro PC Farias foi usado para comprar um FIAT ELBA para o Presidente, aí a casa caiu.
Collor, feliz ao volante da Elba que lhe custou a presidência.

Sério, uma Elba?

Realmente, o almoço de um presidente hoje em dia sai mais caro que umas 4 Elbas, mais é assim que os caras escorregam, nas coisas pequenas, até o gangster mais famoso do mundo Al Capone, foi pego por uma simples fraude no imposto de renda, após ter se safado de uma vida inteira de crimes.

DIRIGINDO A CARROÇA DO PRESIDENTE

Ao assumir o Volante da Elba rapidamente notamos a boa posição de dirigir, o banco na época era considerado alto, hoje em dia pode ser considerado normal, já que todos os carros atuais não esportivos tem bancos altos em relação ao volante, principalmente na linha Fiat.

Os comandos são bastante leves e a visibilidade é ampla para todos os lados, já que há muitos vidros e as colunas são finas, a sensação de que "se capotar morre" é grande.

O motor 1.5 de 67 cv até que puxa bem o carro vazio, não sei como fica carregada mais vazio acelera bem e o volante é leve porém ao pasar a 2ª marcha o câmbio da uma raspada na 3ª uma raspada menor, a 4ª e a 5ª não raspam, mais ao reduzir todas raspam.

Este é o ponto fraco dos modelos Fiat desta época, o câmbio, depois de pegar as "manhas" do carro as "raspadas" diminuem mais ao reduzir de 3ª pra 2ª uma manobra repetida várias vezes no uso urbano o "crék" é inevitável.

No mais é um carro legalzinho mais eu não trocaria um cargo de Presidente por ele.
Não adianta descontar nela Collor, ela não tem culpa de nada..


ITAMAR E O FUSCA

Quando Collor caiu quem assumiu foi seu vice Itamar Franco, e ao contrário de seu antecessor que achava que os carros brasileiros eram "carroças" Itamar gostava mesmo era de Fusca.
Presidente Itamar ao lado de um legítimo capô de Fusca

Quando Itamar assumiu o poder o Fusca já não era fabricado havia 7 anos, mais o presidente achava que o Brasil precisava de um carro para o povo e que o modelo mais adequado para isso era o Fusca, então após uma reunião do Presidente com a Autolatina (nome da empresa que na época representava Ford e VW. ) foi decidido que o fusca voltaria a ser fabricado, uma decisão sem precedentes nem subsequentes na história do país.

Alguns funcionários da VW reclamaram, ameaçaram fazer greve, mais não teve jeito, o Fusca voltaria a ser fabricado como o presidente queria.
Itamar ao volante do Fusca

Alguns fuscas que estavam guardados com colecionadores foram comprados para ser usados como protótipos e o fusca recebeu algumas modificações pra voltar à vida, tais como: pneus radiais, sistema de escape com catalisador e parabrisa laminado. Esse fusca recebeu o apelido de Fusca Itamar.

DIRIGINDO O FUSCA ITAMAR

Meu avô teve um Fusca Itamar 94 branco, era um carro que eu gostava muito, todo final de semana eu lavava ele e aproveitava para dar uma voltinha no bairro com o carro, eu adorava dirigir este carro e pretendia "herdá-lo" coisa que infelizmente não aconteceu.

O carro era fantástico estava com pouco mais de 25 mil km e seu motor funcionava como um relógio. Ao entrar no carro dava pra sentir um cheiro forte de gasolina, coisa que é típica de Fusca, mais que nesta unidade estava mais forte do que de costume, um dos poucos defeitos do carro.

O interior é agradável, os bancos e o volante são iguais ao do Gol da época e o painel, ao contrário dos fuscas mais antigos é quadrado.

Os pedais são leves, mais seu acionamento é estranho, já que são presos por baixo e tem que ser empurrados pra frente, mais fica ideal se você estiver dirigindo descalço, coisa que descobri já que normalmente manobrava o carro ao lavar.

O motor 1.6 de 60cv impressiona quem acha que o Fusca é um carro lento, pois puxa muito bem, o carro acelera rapidamente e é fácil deixar um popular atual pra trás na saída de semáforo, as trocas de marcha são rápidas e precisas, e tornam o carro fácil de guiar.

A suspensão é relativamente rígida, mais o carro passa pelos buracos e lombadas com solidez, sem barulhos ou reações estranhas

Ao contrário da Elba o Fusca não tem muita visibilidade e estacionar não é tão fácil, mais nisso ajuda o volante leve.

Um carro maravilhoso, quem o comprou está feliz.

ITAMAR E OS 1.0

Junto com o retorno do Fusca, o presidente Itamar também é responsável pela "criação" dos populares 1.0. Ele reduziu o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros com motor 1.0 para apenas 0,1% , o Fusca tinha motor 1.6, mais o Presidente é quem manda e decidiu que o Fusca e a Kombi eram populares também.

Assim surgiram o UNO MILLE, o Gol 1000, o Chevette junior e os demais 1.0 cujo seus descendentes dominam o mercado até hoje.
Uno Mille, o popular original

Por cerca de 7 mil reais na época era possível comprar um Uno Mille ou um Gol 1000 e esses carros eram bem mais modernos e tinham muito mais a oferecer que o Fusca, por isso ele acabou se aposentando de vez em 1996.

O Uno Mille seguiu em produção em seu formato original até 2014, provando o seu sucesso e o  dos "carros populares".

Hoje em dia a novidade no segmento dos 1.0 é o novo VW GOLF TSI, que tem motor 3 cilindros turbo e custa impressionantes 75 mil reais!

sábado, 24 de setembro de 2016

Finalmente o clássico..,CHEVY OPALA 1972


Após falar de muitos carros, finalmente vou falar do meu carro atual, o CHEVROLET OPALA ESPECIAL 1972, um carro que me dá muito orgulho, toda vez que saio com ele imagino como a Cleo Pires se sentiria se saísse pelada andando no centro da cidade, todo mundo para pra olhar, de crianças a velhinhos.

No post anterior, contei que estava frequentando cada vez mais os encontros de  Opala, mergulhando cada vez mais fundo no universo opaleiro, até o momento eu estava muito feliz com meu Opala, mais já começava a cobiçar os modelos mais antigos da década de 70.
Os opalas dos anos 70 tem o desenho muito mais harmonioso que os posteriores, já que as várias reformas que o modelo sofreu ao longo dos anos foram mudando sua frente e sua traseira, sem alterar as linhas laterais, além disso nos modelos antigos, é possível observar melhor o belo perfil " garrafa de coca-cola", já que o desenho é muito mais "limpo".

Obviamente estes carros são muito mais "temperamentais" que os opala mais novos, o câmbio varetado que "encavala", é um desses problemas , além da direção sem assistência, mais ao menos sua estrutura é muito mais robusta.
Observe a seta vermelha, ela aponta um reforço estrutural que somente a 1º safra do Opala possui, este reforço foi suprimido nos modelos mais novos.

Eu já estava decidido a ter um opala dos anos 70, só assim eu teria a experiência pura do "muscle car brasileiro", mais ainda estava em dúvida quanto ao modelo, o 2 portas com sua bela silhueta cupê, ou o elegante sedan gran luxo? minhas dúvidas se desfizeram qdo eu vi este clipe:
Passei a procurar um Opala que fosse  parecido com o carro do carro do clipe e encontrei este opalão que aparece em todas as fotos deste post e que tem sido meu companheiro nestes últimos 3 anos.

No dia do encontro ele estava anunciado por 15 mil, mais tinha um problema o carro era 4 cilindros, mesmo assim fui ver o carro, por fora estava sujo e não dava pra ver o real estado da lataria, porém ao ver o interior uma coisa me chamou muito a atenção:
Alavanca do câmbio na coluna de direção!!, além disso reparem nesse interior preservado

Sempre tive curiosidade em dirigir um opala com esse sistema, sei que eles têm apenas 3 marchas, mais não sabia nada além disso, o motor 4 cilindros do Opala tem menos de 90 cavalos, mais o Opala dos anos 70 modelo simples também é bem mais leve que os outros pesando apenas 1000 kg, mais leve que um Volkswagen Fox 1.6 por exemplo.

Outra coisa que me chamou atenção foi a avaliação da revista 4 rodas na época do lançamento: "O carro é tão leve e fácil de dirigir que até uma criança poderia guiar o Opala"


Então pedi para fazer um test drive sem compromisso no carro, não tinha grandes expectativas quanto ao motor 4 cilindros, mais ansiava por testar o câmbio.


Para engatar a 1º move-se a alavanca na direção do corpo e para baixo, o volante é levíssimo, mesmo sem qualquer tipo de assistência hidráulica, ele têm um diâmetro enorme aro fino e respostas lentas, como um volante de Kombi.

Andando o carro me surpreendeu era bem mais forte do que eu imaginava, em certos momento parecia ser mais forte que o meu Diplomata, isso se deve ao câmbio, o meu 88 estava com o câmbio do 4 cilindros de 5 marchas exageradamente curtas, já este tinha o câmbio certo para o carro, de relações longas, atingia 80 km/h em 2ª marcha.

Outra coisa que impressionava era a suspensão, QUE CONFORTO! isso sim é um opala, passa pelos buracos e lombadas de forma silenciosa e macia, o conforto que faltava no meu esse tinha, é basicamente o carro mais macio que já dirigi.

Parei para ver a estrutura do carro, o assoalho está muito conservado:
O dono falou que estava se desfazendo do carro porque procurava um 6 cilindros, então ofereci o meu Diplomata na troca, lembrem que eu havia pago 7 mil no 88 menos da metade do valor deste, mais para minha surpresa o dono aceitou, e olha que tinha muita gente cercando ele no dia do evento, mais agora a jóia era minha.
1 pelo outro...

Estava me sentindo o próprio Richard Rawlings, poli o carro em cada canto até o motor que eu retirei do carro e poli até ficar um espelho:

Sem dúvida um carro espetacular

Nos encontros:

Nos passeios com a dama

E como é um carro leve da pra queimar pneu, fazer drift, tudo que o poderoso 6zão fazia este faz também, graças ao câmbio certo, basta trocar os pneus:

Na 1º oportunidade pintei as rodas de preto para combinar com o teto:



E também coloquei faróis amarelos, ficou a cara do mascote do Clube do opala de Sorocaba.

 

Ainda farei muita coisa neste carro e tudo será atualizado neste blog.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

OPALA DIPLOMATA 88

No post anterior falei sobre a origem "híbrida" daquele que é um dos mais admirados carros nacionais, o Opala.

A verdade é que antigamente, no tempo que os homens eram homens e as mulheres davam graças por isso CARRO ERA OPALA, e continua sendo até hoje.

Houve um tempo em que o Opala estava meio desvalorizado, conhecido como "CARRO DE BANDIDO",mais  atualmente, voltou com força total, sendo até difícil achar um Opala por um bom preço.

Para falar a verdade os bandidos só pararam de escapar da polícia quando surgiu este aqui:

FAMILY FEELING

Já repararam que todo Volkswagem atual tem a frente igual?, o mesmo ocorre com os Audi, Ford e por aí vai, isso se chama "family feeling", é o jeito da marca impor sua identidade.
nem me pergunte qual é qual..

Isso não é nenhuma novidade, já existia desde os anos 80, a marca pega o carro que está vendendo mais e deixa todos os outros com a mesma cara.

No fim dos anos 80 o carro da moda era o MONZA, ele não era barato, custava o equivalente a um Corolla de hoje em dia, mais mesmo assim chegou a ser o carro mais vendido do Brasil!!, na frente de Gol , Uno , Escort, etc.. foi a única vez na história do nosso país em que um carro médio foi o mais vendido, e não é por que antigamente as pessoas tinham mais dinheiro não, na verdade nessa época era até mais difícil comprar um carro. Mais o Monza era bom mesmo, como todo Chevrolet de antigamente.

Então a Chevrolet decidiu que  todos seus carros teriam a cara do Monza , do mais barato o CHEVETTE, até o mais caro o Opala.
Chevette do fim dos anos 80, com frente de Monza

Em 1988 o Opala, mesmo sendo um bom carro, já estava "cansado", afinal já fazia 20 anos!! que ele havia sido lançado, então para dar uma renovada a Chevrolet decidiu dar a ele a "cara" do Monza também, porém mudou só a frente e a traseira, mantendo o meio igual, não ficou ruim, mais tirou um pouco da harmonia do Opala.
Eram oferecidas várias versões aos clientes, mais de forma bem resumida era isso:

OPALA L : um Opala que era tão básico que só existia no catálogo, na pratica ninguém comprava. A utilidade de versões assim é para os anúncios tipo : Opala a partir de tanto.., é o que ocorre hoje em dia com o Corolla XLI manual, ele não existe mais, apenas a versão automática que é vendida sob encomenda para portadores de deficiência, porém o modelo manual é mantido em catálogo apenas para seduzir compradores que acabam levando uma versão mais cara.

OPALA SL: outro modelo que também era bem básico, achou que saídas de ar tampadas era coisa de Uno Mille?, pois bem esse opala era assim, os vidros eram acionados por manivela e os bancos eram de vinil, porém era possível equipá-lo opcionalmente com direção hidráulica e motor de 6 cilindros, era o Opala das frotas da polícia.

OPALA COMODORO: Sabe aqueles anúncios típicos dos classificados do jornal:       "completo - ar ", o comodoro era basicamente isso, já tinha um acabamento bem melhor interna e externamente, com bancos de veludo, direção hidráulica , vidros elétricos e rodas de liga leve modelo "ralinho" 

OPALA DIPLOMATA: Este era o modelo completo, ar condicionado, direção hidráulica, volante regulável em altura, vidros,travas, retrovisores e portamalas com acionamento elétrico e rodas de liga leve modelo "serrinha".
Como opcionais ele tinha pintura bicolor e câmbio automático.

Uma curiosidade: as rodas do Comodoro, são sempre as mesmas do Diplomata da geração anterior. Quando surgiram as rodas "ralinho" de 14 pol. elas eram equipamento do Diplo., depois surgiram as "serrinha" e elas foram para o comodoro., quando este passou a utilizar as novas rodas de 15 pol. o Comodoro herdou as "serrinhas".


MEU 1º OPALA

Meu 1º Opala foi este aqui:
Um modelo Diplomata 4.1/S 1988 top de linha, com motor 6 cilindros de 140 cv! Até hoje eu considero o melhor negócio que eu já fiz em termos financeiros. Eu sempre curti esse carro, mais achava que ele estava muito longe das minhas possibilidades naquele momento, até que ele literalmente quebrou na frente da minha casa!
Ao ver aquele belo sedan parado na frente de minha residência decidi sair e conversar com o dono. Ele falou que o carro estava falhando a algum tempo e por isso estava querendo vendê-lo, mais que agora seria difícil com mais esse problema que ele não tinha dinheiro para arrumar, além disso era domingo e não havia nenhuma oficina aberta.
Então eu juntei forças e proferi a frase mais corajosa que eu já disse em toda minha vida:

Pode deixar aí , eu compro!

Antes de conversar sobre o preço eu precisava testar se ele cabia na minha casa, já que ela mal comportava um Fiat 147, consegui fazer o carro pegar no tranco e mesmo falhando muito coloquei meu filho de flanelinha e entrei na garagem.
Coube mais ou menos, mais agora já estava dentro e eu não abriria mão do carro, perguntei o valor e o dono informou 7 mil, mais que se o conserto ficasse caro o mesmo não se responsabilizaria.
Não tinha esse dinheiro guardado, mais olhei para meu uno 85 e para a moto que eu tinha na garagem e imaginei que os 2 juntos valeriam uns 5 mil.

Meu Uno funcionava bem, mais estava muito feio de lata, as portas tinham que ser empurradas contra o teto pra abrir e tinha um banco de cada cor, avaliei em 3 ou 4 mil.

Minha moto era uma Sundown Hunter, estava zerada, mais não valia muito por ser "xing-ling", avaliei em 1500.

Para minha surpresa o cara só pediu, mil reais de volta, provavelmente estava com medo do conserto que afinal de contas ninguém sabia o que era, mesmo assim topei na hora.

Nesta noite quase dormi dentro do carro, 1º por ter comprado um carro quebrado e 2º porque não conseguia deixar de olhar pra ele, pelo menos eu não dormiria sozinho, meu filho gostou tanto do carro que até mandou eu tatuar um no braço dele:


Minha experiência com o 147 me ensinou que 90% das vezes que um carro quebra o problema é elétrico, então chamei um guincho e fui para um auto elétrico.

Chegando no auto elétrico, o mesmo me informou que o problema era no "chicote" e que poderia trocá-lo por apenas 50 reais!!

Isso mesmo o problema que fez o carro ser tão barato era uma coisinha de nada.

Aproveitei para fazer uma revisão elétrica já que nada dentro do veículo funcionava e então pela primeira vez pude ver o belo painel do carro aceso:

Saí do auto elétrico feliz da vida, olhei para o maravilhoso painel e pensei: Legal, o tanque veio cheio...só que não.. eu estava olhando para a temperatura! menos mal que era só uma mangueira.

Com o opala pela 1º vez eu me senti patrão o conforto era impressionante, os vidros elétricos , o volante regulável, os  bancos , atrás meu filho dormia só de olhar para o banco:
O carro ainda tinha alguns problemas o ar condicionado não funcionava, a suspensão estava ruim, fazendo o carro puxar muito, e o câmbio era do 4 cilindros.

Esse opala já tinha sido automático, e quando esse câmbio quebra o conserto fica mais caro que o valor do carro, por isso colocaram nele o câmbio mais barato que tinha o 5 marchas do opala 4.
Outro detalhe que me incomodava eram as rodas de Omega.


Apesar dos defeitos o Opala era muito bom de andar, o escapamento 6x2 com saída no diferencial roncava bonito e sempre me fazia dar uma aceleradinha a mais, em compensação esquentava muito o interior do carro, chegando a derreter o cabo da embreagem e danificar a pintura do capô, por isso depois de um tempo me desfiz dele e coloquei o escape original.

Foi meu 1º carro de tração traseira e foi aí que eu descobri que bastava reduzir a marcha ou acelerar no meio de uma curva para a traseira desgarrar, agora eu só fazia curvas assim:
Pena que o câmbio de Opala 4 acabava limitando muito a velocidade na estrada, mais pelo menos era leve e preciso.

O motor é a jóia de todo Opala, forte e suave ao mesmo tempo, além disso sua manutenção é barata.

Passei a frequentar encontros de opalas com bastante frequência e foi num deles que conheci o meu 2º Opala.

Mais isso será assunto do próximo post.